Um
angico velho centenário
também
um pé de cinamomo
foram
testemunha do meu sono
em
longas tardes de verão.
Serviram
de aconchego a este peão
resquícios
causadores de saudade
para
quem hoje vive na cidade
longe
do seu amado rincão.
Tu, saudosa velha tapera,
minha
querência nativa,
levando
uma vida primitiva
no rancho
de meu nascimento.
Hoje
a vejo só em pensamento
acordava
durante as madrugadas,
com
réstias de lua prateada
nas
frestas que se via lá dentro.
De
pau-a-pique de branquilho
com
cipó todo amarrado,
o
barro com milhã era sovado
a
patas de cavalo na volta da eira.
Desde
a quincha até a beira
toda
coberta de capim,
o
estilo de campanha era assim
onde
o luxo era besteira.
Ver
as coxilhas, o açude
e o
manto verde do gramado,
em
baixo da laranjeira, meu arado
sem
ponta só a bolcadeira.
Os
cabos feitos de madeira
deteriorados
pelo tempo.
Nada
resiste ao relento
só a
saudade caborteira.
Ainda
resta o picador de lenha,
tronco
de madeira de lei,
ali
muita lenha eu cortei
para
o fogão formar o braseiro,
cozinhar
feijão e arroz de carreteiro.
Assar
um bolo na panela
batido
numa pequena gamela
para
a sustância deste peão campeiro.
Chegando
lá vejo as ruínas
da
mangueira feita de varejão,
o
palanque está no chão
onde
costeava as tambeiras
para
fazer vacas leiteiras.
Sob
a sombra das taquaras,
a
porteira fechada com varas
só
resta uma das tronqueiras.
Minha
bergamoteira preferida
há
muito tempo está morta,
os
canteiros da velha horta
onde
imperava o cultivo a capricho,
hoje só inço, guanxuma e carrapicho.
Por
lá está tudo abandonado,
ainda
sinto o cheiro do passado
chorando
a saudade do cambicho.
Formando
um rumor sonoro,
o
vento embalando o arvoredo,
outrora
até me dava medo.
Vinha
do lado dos castelhanos
uma
tormenta redemoinhando
com
um jeito de tornado,
benzia-se
com um machado,
e
logo ia se espalhando.
Às
vezes eu volto por lá,
recordo
meus tempos de guri.
Querência,
nunca esquecerei de ti.
Não
vejo mais o gado pastando
só
trator a terra lavrando.
E
ainda bebo água da fonte
e
fico olhando para o horizonte
parece
que estou sonhando.
Fernando
Almeida Poeta