terça-feira, 23 de novembro de 2010

Amanhecer no Pago

Sou a alma das madrugadas, templado pelo rigor,
cheirando a barro de mangueira e poeira de corredor.
Sou lusco fusco da aurora anunciando um novo dia,
escutando berro de touro no silêncio da calmaria.
Sou tilintar das esporas ao compasso do troteador,
tapeando um bagual de rédeas no oficio de domador.
Pelas invernadas pampianas onde deixei meu rastro,
trago a querência nos tentos e ainda um cheiro de pasto.
Com gritos de forma cavalo às vezes acordo sonhando
que estou no lombo de uma coxilha, solito, camperiando.
Nesta milonga de anceios eu clamo por liberdade,
pois me sinto embretado nos muros de uma grande cidade.

Fernando Almeida