segunda-feira, 15 de julho de 2013

ESTAÇÃO FERROVIÁRIA

Estação Ferroviária 

Velha estação do trem 

Com a estampa de abandono,
Hoje se encontra em ruína
Como uma tapera sem dono. 
Quem te viu velha estação 
Nunca te imaginaria assim,
Como foi difícil tua construção
Mas tão fácil, te dar o fim.

Tem um valor museológico
Mas o mundo já te esqueceu,
Até o minuano assovia triste
Contra a telha que se desprendeu.
Pelo chão folhas secas rolando
Apenas os trilhos ao seu lado,
Peleando contra as intempéries
Com seu brilho, todo ofuscado.

De ti velha estação do trem
A saudade vagueia pelo ar,
O trem sumiu no infinito
Para nunca mais voltar.
Hoje te vejo no fim da linha
Ninguém mais te espera,
Ali no seu eterno repouso
De muitas e muitas primaveras.

Sobre os dormentes dos trilhos
Riscaram o Rio Grande ao meio,
No andamento do progresso
Com trem de carga ou passeio.
Com o sagrado produto da terra
E a riqueza dentro do vagão,
Sumia pelo horizonte adentro
De dia claro ou na escuridão.

Todos os dias tinha uma festa
Na estação pra ver o trem chegar,
Gente que chega gente que vai
Uns vão vender outros comprar.
Chegavam os comerciantes
Trazendo muitas novidades,
Para todo aquele povoado
Vindas da grande cidade.

O apito do trem emudeceu,
As locomotivas, por ai perdidas!
As placas, parar, olhar, escutar,
Estão todas no chão, caídas.
Gravei na memória da alma
A imagem de um trem andando,
Com ecos pelas madrugadas
Das rodas de aço tilintando.

Foi a evolução que te perdeu
Pois o tempo corre sem parar
O mais lento perde a vês
Para o primeiro que chegar.
No mundo atual que vivemos
A velocidade é soberana,
No corre, corre stressante
De toda a espécie humana.

Sou dos tempos de calmaria,
O tempo andava de vagar,
Pra tudo havia mais tempo
Muito mais tempo para amar.
Seu maquinista pare este tempo
Que já anda desgovernado
Talvez tente engatar uma ré
Pra ver se retorna ao passado.

Tropeávamos até a estação
E a boiada de trem seguia
Levando para o matadouro
O fruto da nossa economia.
Dos transportes o mais viável
Sem excesso de despesas
Mas mesmo assim foi instinto
O menos poluente da natureza.

O tempo é testemunha
Da gente do teu povoado,
De quem a muito já se foi
Nas andanças do passado.
Tão triste eu vivo a recordar
De coisas que tenho na memória,
O tempo sempre se apequena
Diante da grandeza de uma história.

Fernando Almeida Poeta