quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

LOBISOMEM

(caso verídico)

Conheci um senhor chamado João Honório, morador de uma localidade denominada Rincão do Claro, João Honório era um curandeiro que receitava remédio para todo aquele povo, ali não havia sistema de saúde, pelo fato de ficar muito distante da cidade. Na pratica funcionava muito bem, talvez mais valesse a fé do que o café, em terra de cego quem tem um olho é rei. 
Numa noite de sexta-feira, lua cheia, João Honório voltava do atendimento de um paciente seu, chegando à sua casa, ali pela meia-noite, ao abrir a cancela do potreiro deparou-se com um bicho muito esquisito: orelhudo, pelagem longa e caminhava meio cambaleando, junto seus dois cachorros, seguiram ao lado de seu cavalo, em direção ao rancho, João Honório não era um índio muito assustado, mas, naquela hora, arrepiou o pelo, por sorte o bicho encarreiro em direção ao arvoredo, e João Honório aproveitou para desencilhar o cavalo no galpão e entrou pra dentro de sua moradia.
Era um lobisomem, uma mística de lobo com homem, mais pra lobo que pra homem. E o cachorro grande se ternara amigos, mas um pequeno, seu inimigo. Continuaram em baixo das laranjeiras até a madrugada, João Honório sem saber o que fazer ficava espiando o bicho pelas frestas do rancho, até enquadrou na mira de sua arma, mas faltou coragem. A cachorrada da redondeza fazendo alarido, e uivando como se pressentissem que tinha algo estranho por aquelas bandas, talvez o próprio vento inalasse um tipo de cheiro por aqueles pagos afora. No outro dia o comentário foi grande pela vizinhança, alguns riam debochando do fato, a maioria fechavam as casas sedo e poucos que se arriscavam a sair à noite, mas o bolicho estava sempre cheio de fregueses até altas horas e o comentário era um só, não se tratava de outro assunto. Pedro Carvoeira não estava gostando muito daquela situação, falou se encontrasse o bicho iria pegá-lo pela orelha e lavar lá no bolicho para oferecer um trago de canha, na verdade ele não acreditava em assombração.
Pedro Carvoeira naquela mesma noite estava chegando à sua casa e o lobisomem estava lá o esperando, bem na porta do galpão onde ele dormia. Pedro Carvoeira usava dois trinta e oito na cintura, de vereda deu-lhe dois tiros, mas nem cócegas fez no animal, Pedro conseguiu abrir a porta do galpão, mas o lobisomem entrou primeiro e ficou atrás da cama os olhos eram duas bolas de fogo, Pedro pegou uma taquara comprida para cutucar o bicho mas não conseguiu acerta-lo, desistiu e foi dormir no quarto de seus pais.
Este lobisomem virou atração daquela localidade andava pela estrada visitava as casas de alguns moradores perturbando à noite. Adão Ligeiro e Caburé estavam indo estrada afora numa noite de luar, ao cruzar o Passo das Carretas, Caburé num olhar de relancina percebeu que vinha um cusquinho atrotezito pela estrada, mas nada de mais pois era normal transitar guaipega à noite, mas ficou estranho quando o animalzinho na medida que se aproximava começou a mudar de tamanho, pra maior cada vez maior, e passou entre os dois aquele enorme guaipecão e se mandou a lacria.
Dizem que mataram aquele lobisomem, mas eu nunca vi o couro.

Fernando Almeida Poeta

terça-feira, 12 de novembro de 2013

BUROCRACIA

A burocracia torna-se uma barreira contra o desenvolvimento de um país infelizmente vivo em um país burocrático. Ontem minha mulher passou por um alagamento e perdeu a placa do carro dela resultado vou perder o dia inteiro para resolver esse problema fui ao local ver se encontrava a placa não a encontrei fui ao Detran me pediram uma ocorrência policial de perda, xerox da RG, taxa de autorização estou correndo atrás.

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

MEU CANTAR


Meu canto é como bagual
saindo porteira afora,
amadrinhado pelas esporas
num pelado de uma coxilha.
Sempre seguindo a trilha
de um caudilho forasteiro,
pois carrego pra sinuelo
o instinto farroupilha.

Minha voz é como o vento
numa manhã serena,
timbre de noite morena
ao despontar da lua.
Do sussurro da chirua
de onde a inspiração brota,
pois meu verso galopa
na imensidão nua e crua.

Sou assim abagualado
como potro que corcoveia,
que se livrou da maneia
e sai rasgando horizonte.
Bebi água da mesma fonte
onde bebeu o índio Sepé,
vim das bandas do Caiboaté
sou estouro de tropa ao reponte.

Quando abro meu peito
canto coisas da querência,
com mescla de pura essência
campo afora minha voz expande.
Não precisa que me mande
o que faço é por instinto,
no fundo da alma eu sinto
uma paixão pelo Rio Grande.

Meu canto é assovio do vento
na quincha de uma tapera,
numa noite de primavera
o calor que vem do norte,
anunciando chuva forte,
enchente e temporal.
Com som de vendaval
Santa Clara que me dê sorte.

Meu canto é rio que corre
murmurando mata adentro,
parece que tem sentimento
água pura e cristalina.
É a natureza divina
na cascata do paredão,
corcoveia meu coração,
por natureza, canto e china

Meu cantar é primitivo,
ritmo de trote chasqueiro,
som de gaita e pandeiro
e tilintar das esporas.
Tristeza se manda embora
levando as mágoas do peito,
porque ando deste jeito
bem pachola Rio Grande afora.

Canto que nem quero-quero
o bombeador das coxilhas,
fazendo éco nas flechilhas
sou herdeiro do passado,
canto sempre entoado
com o som da natureza.
Canto toda a beleza
que ganhei como legado.

Quando eu partir desta terra
levarei junto comigo,
este meu violão amigo,
que eu guardo com carinho,
parceiro quando estou sozinho,
sob o oitão do rancho
uma milonga eu desmancho,
pra minha china com carinho.


Fernando Almeida Poeta 

terça-feira, 15 de outubro de 2013

7ª FEIRA DO LIVRO DE SÃO GABRIEL, RS

7ª Feira do Livro de São Gabriel, de 17 a 20 de outubro de 2013.
Estarei autografando meu Livro "Fronteira e Pampa" dia 18 às 18h. na praça Fernando Abbott

terça-feira, 24 de setembro de 2013

MULHER DE UM FARROUPILHA


Num bolicho beira de estrada,
Nasceu um romance campeiro
Entre uma das filhas do agregado
E um rapazote meio forasteiro.
Era linda que nem flor do campo
E o muchacho logo se apaixonou,
Pediu a mão da bonita china 
E no ano seguinte se casou.

Ficaram ali pela estância,
Ele fazendo o serviço de campo,
Numa vida pacata de campanha,
No romantismo dos pirilampos.
A china sevava um mate,
Daqueles de adoçar a alma,
Fazendo planos para o futuro
Numa noite linda e calma.

Rancho com sombra boa
E muitas flores no jardim.
Tiveram dois lindos filhos
Numa felicidade sem fim.
E, de repente, uma má notícia
Que lhes cortou o coração:
Foi convocado para a guerra,
Ordenado pelo seu patrão.

Encilhou o cavalo que tinha
E saiu por conta do destino
Para ser mais um farrapo,
Um guerreiro taura e malino.
Para servir aos senhores da guerra,
Empunhando armas nas mãos,
Invadindo campos alheios
E roubando sem ser ladrão.

De peão campeiro de estância
Para desbravador de coxilhas,
Deixando rancho e china para traz
Para ser um caudilho farroupilha.
Atento à voz de um clarim,
No comando para avançar,
Num salve-se quem puder
E a ordem era para matar.

Na república rio-grandense,
Estância grande dos pampas,
Onde nasceram nossos campeiros
De tenência, fibra e estampa:
Bento Gonçalves, Davi Canabarro,
General Neto e outros caudilhos.
Grito de guerra, grito de paz,
Sempre em cima do lombilho.

Pelas auroras da vida,
Clareando a noite escura,
À frente de uma batalha
Com faíscas de ferraduras.
Quando a tropa se espalha,
Se perdendo pelo horizonte,
O guerreiro não tem medalha,
Apenas segue ao reponte.

O sonho de um dia ser livre
Nossa esperança se embala,
Acenando para o passado
Com os flécos do velho pala.
Ser livre que nem um potro
Que galopa em campo aberto,
Sem porteiras e sem aramados
Na vastidão de um deserto.

Um guerreiro não tem rumo certo,
Mas nunca se perde na fumaça
Quando carrega de parceiros
Muita coragem, sangue e raça.
E o tempo foi passando, passando,
E nem um chasque apareceu,
Pra falar se ainda estava vivo
Ou até mesmo se morreu.

Com a esperança quase vazia,
Num rancho de capim barreado,
Com um filho ainda pequeno
E outro piazito quase criado.
Sendo mulher de um farroupilha
Que destino triste e maleva,
Num caminho quase sem luz,
Sonhando com abismo e trevas.

E a china que ficou no rancho,
Numa rotina de dia após dia,
Escutava vozes na madrugada
Que o assovio do vento trazia.
Murmuro de patas de cavalos,
Gritos, gemidos e tinidos de adaga,
Era apenas o pressentimento
De mais uma noite amarga.

À tardinha olhava para o horizonte,
Mas não via ninguém voltando!
Sem saber se um dia retornará
Seguia apenas sonhando,
Em ter seu amor ao lado
Quando esta guerra acabar,
Talvez na próxima primavera
Seu filho o possa abraçar.

E o piazito sempre perguntava
-Mamãe, quando papai voltará?
Porque ele foi para a guerra?
Já estou cansado de tanto esperar!
-Ele está lutando por nós, pela terra,
Embora não tenhamos nada!
Somos vítimas de latifúndios,
Descendentes de família deserdada.

A esperança aos poucos foi mermando
De uma mãe e esposa aflita.
Quantas famílias no mundo sofrem
Com as tais guerras malditas.
E o farroupilha nunca mais voltou,
Entrou na peleia sem nada entender,
Matou muitos sem ser bandido
E depois morreu sem merecer.


Fernando Almeida Poeta

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Sou Gaúcho

Sou descendente do passado
na mistura de muitas raças:
índio, luso, negro e castelhano.
Surgiram como a grama
que brota nas coxilhas
de uma sesmaria.
Nasceram muitos tauras
que contribuíram
para a grandeza desta pátria.
Estância velha de São Pedro
com a peonada
sempre a camperiar
nos horizontes pampianos.
Rio Grande de bandeira farrapa.
Com chimango e maragato,
dois partidários hoje aliados
em prol destes pagos.
Tenho o pelo curtido
do vento minuano que assola
ao relento.
Que sirvam nossas façanhas
de modelo a toda terra.
Quem nasce pra ser campeiro
jamais perde a estampa,
chapéu grande, lenço e guaiaca
são as coisas do pampa.
Nasci com cheiro de pasto,
neste chão colorado,
com amor pela querência,
sou herdeiro do passado.

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Mês de Agosto na Estância


Dos doze meses do ano
Ele é o mês mais caborteiro!
Quando lembro o mês de agosto
Chega me arrepiar o pelo. 
Pra quem vive nos pampas 
Sabe que ele é rigoroso,
Ajoujado com o minuano 
Ainda fica mais tenebroso.

Depois de muitas geadas grandes,
Entordilhando coxilhas e banhados,
Todo o rebanho da estância, 
Estão com o pelo virado.
Ele vai se chegando no mas 
Com seu jeitito traiçoeiro,
Vento norte amornando aurora 
E as vacas parindo os terneiros.

Parece que o inverno acabou
E vai começando a brotação,
O pessegueiro a laranjeira floresce
No finalzinho desta estação. 
Até o touro dá uns berros no rodeio,
Adivinhando a primavera,
A saracura grita no banhado,
O sabiá cantando lá na tapera.

De repente pro lado dos castelhanos
Vai se erguendo um paredão,
Começa, trovejando longe... 
E vai se chegando a escuridão.
Todos com medo da tormenta
O patrão, a patroa e a peonada,
Cada um procura um abrigo,
Alvorotando-se a bicharada.

A vaca berra, o bagual relincha
E a ovelha chama o cordeiro.
Uma douradilha roncadeira
Escaramuça na volta do potreiro. 
Uma galinha reúne seus pintos, 
Outras vão se chegando ao poleiro.
O galo velho todo desconfiado
Tranqueia por todo o terreiro.

Primeiro um momento de silêncio...
Em seguida começa uma barulhada,
Caindo pingos de fazer bolhas,
É sinal de muita chuvarada. 
Sei que o estrondo é da natureza,
Mas, mesmo assim, ainda dá medo,
Um raio cai partindo ao meio,
Um angico, lá do arvoredo.

Amanhece o dia e vem a noite
E se vai sempre chovendo.
A enchente vai ser mui grande,
O conhecimento está prevendo.
E assim segue até por uma semana, 
Vai ficando tudo encharcado,
A lenha está toda molhada
E o galpão todo enfumaçado.

A peonada vai ficando inquieta,
Por que não para esta chuva fria.
Apareceram goteiras no galpão
E um guaxo fazendo estripulia.
O guasqueiro trançando cardas,
Outro ajuda a lonquear o couro.
E aqueles que vão pro bulicho
Jogar ou campear namoro.

O Capataz desaba o chapéu 
E conversa com a peonada,
-Vamos vestir os ponchos 
E recorrer às invernadas.
Juvêncio encilha o rosilho!
Mas, tenha muito cuidado,
Ele pode renegar os bastos
Por estar com o lombo molhado.

Um recorre às sangas,
Outro costeia o mato.
Apartar os mais fracos
E recolher para o trato.
Um tem que courear a brasina
Que morreu lá no capão
E trazer o terneiro dela 
Para dar bóia no galpão.

O campeiro tem que cuidar 
Das vacas magras e dos terneiros, 
O temporal está judiando
O nascimento dos cordeiros.
Os graxains andam na volta,
Negaceando pra dar uma pegada, 
É carancho, também urubu,
Lá em cima, fazendo revoadas.

De repente num final de tarde
A chuva até da uma parada.
A perdiz assovia perto das casas
E o perdigão, no fundo da invernada.
Dá um silêncio meio esquisito
E o sol até dá uma espiada,
Escutei uma vaca tossindo 
E a saparia numa cantiga entoada.

Noutro dia amanheceu deitando água,
O banhado era um lençol gigante,
Parecia que o mundo viria abaixo
Para quem via aquele semblante.
E o tempo cada vez mais feio,
Choveu mais uns quatro dias. 
Chegava a dar uma tristeza 
Sempre quando anoitecia.

Mas, como tudo tem começo e fim,
Levantou-se um vento minuano,
Dando sinal de tempo bom
Do mesmo lado dos castelhanos, 
Junto com uma garoa galopeada,
Daquelas de arrepiar o sabugo,
Também de matar cavalo velho,
Mas, nada disso eu refugo.

Pois o destino de um peão
É saltar ao romper da aurora,
Com chuva, frio ou calor,
Nunca se maneia nas esporas.
Se correr o bicho te pega 
Se parar o bicho te agarra,
E ainda desmancho uma milonga
Nas cordas da minha guitarra.

O inverno sempre é rigoroso,
Mas de vagarito vai se entregando.
O sol brilha refletindo na enchente
E aos pouquitos vai se chegando.
A terra começa a ser lavrada
Para semear toda a semente, 
É o trabalho de nossos colonos
Para sustentar nossa gente.

Uma calmaria paira no horizonte,
Após a tempestade, vem a bonança.
Sobre as coxilhas pampianas
Brota os campos e nossa esperança.
Berra o gado, canta os pássaros.
E nosso céu fica mais azul,
É a primavera que está chegando
Aqui nestes pagos do sul.

Fernando Almeida Poeta

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Gurizito Campeiro

Gurizito Campeiro

            Este poema eu dedico ao meu neto Vitor.

Um taura já nasce taura!
No seu primeiro choro,
alguém gritou: - este é taura,
ele será meu herdeiro,
meu amigo, meu parceiro
de todas as camperiadas.
Vai domar potros, carretear
e laçar bois nas invernadas.

Pequenino já laçava as galinhas,
pisoteando nos pintos,
mas não era por malvadeza,
era apenas por instinto
de quem nasce pra ser galo.
Seu primeiro brinquedo
foi um pedaço de taquara
que chamava de cavalo.

Fez um laço trança de embira,
usando talento e criatividade,
laçava só por brincadeira
porque não tinha um de verdade.
Guri campeiro, nunca ganhou presente.
Os brinquedos, todos improvisados:
mangueirinha, ponta de chifre
e ossinhos descarnados.

Em noites de geadas frias,
o piazito sentava para se aquentar,
no galpão, ao redor do braseiro,
escutando os mais velhos prosear.
Ficava por ali até altas horas,
ouvindo com calma e paciência
as lorotas e causos dos campeiros
pra lhe servir como experiência.

Para ser um índio taura
tem que entender da lida,
saber o lado de montar
e as normas a ser seguidas.
Gritar na mangueira: “forma cavalo”
e saber como se ata um bocal,
puxar e quebrar o queixo
e amadrinhar um bagual.

Saltava da velha cama
quando o canto do galo amiudava.
Um vento minuano que chorava,
mas nunca pediu arrego.
Índio que dorme em pelego
não se entrega nem faz manha,
nasceu com parteira de campanha
este galo que calça espora.
Soltava um gritito de sapucaí
pra escutar o eco sob a aurora.

Buscar a brasina leiteira
que pastava lá no banhado,
de pé no chão, calça curta,
com os dedos encarangados.
Com seu andejar solitário
apenas um cusco de parceiro,
que levantava quero-queros e lebres
sempre num galope faceiro.

No desempenho da lida,
no trato para a criação,
dar bóia para um guaxo
que dormia lá no galpão.
E o mouro na cocheira,
pingo que troteava marchando,
cavalo de todo o serviço,
de laçar e deixar cinchando.

Curar terneiro de vaca braba
o taura sempre foi um perito,
puxando por baixo do arame
serviço, que fazia solito.
Com berros e chifradas
tiniam as tramas do aramado,
que fazia dividia dos campos
com cinco lisos e um farpado.

Arrastava uma pipa d’água
e cortava lenha de machado,
com mãos franzinas e calejadas
dos cabos de um arado.
Em gauderiadas pela fronteira
já dormiu ao relento de uma tapera,
ouvindo o berro de um touro pampa
numa noite de primavera.

Sobreviveu a coices e manotaços
de malinos mal domados,
e muitas rodadas feias
nos macegais do banhado.
Acreditava em assombração
também em lobisomem,
e tinha um grande sonho:
era crescer para ficar homem.

Lá atrás do arvoredo,
no céu aparecia meia lua,
o sol à tardinha se punha,
vermelhando uma coxilha nua.
E o piá admirava a natureza
com um olhar triste e acabrunhado,
sentindo saudade do nada,
pois ele ainda não tinha passado.

Pelos corredores da vida,
todos campeiam o destino,
marcas de queimaduras de laço
na vida de um campesino.
Que sempre procura a volta
para nunca montar mal
e sabe o momento de sair
da rodada de um bagual.

Desgarrou-se do pago,
deixou para trás o rancho,
arreio, preparo de doma
e tirador pendurado num gancho.
Trocou tudo que tinha,
até a sua própria liberdade,
por um tal de quitinete
lá no centro da cidade.



Fernando Almeida Poeta 

segunda-feira, 15 de julho de 2013

ESTAÇÃO FERROVIÁRIA

Estação Ferroviária 

Velha estação do trem 

Com a estampa de abandono,
Hoje se encontra em ruína
Como uma tapera sem dono. 
Quem te viu velha estação 
Nunca te imaginaria assim,
Como foi difícil tua construção
Mas tão fácil, te dar o fim.

Tem um valor museológico
Mas o mundo já te esqueceu,
Até o minuano assovia triste
Contra a telha que se desprendeu.
Pelo chão folhas secas rolando
Apenas os trilhos ao seu lado,
Peleando contra as intempéries
Com seu brilho, todo ofuscado.

De ti velha estação do trem
A saudade vagueia pelo ar,
O trem sumiu no infinito
Para nunca mais voltar.
Hoje te vejo no fim da linha
Ninguém mais te espera,
Ali no seu eterno repouso
De muitas e muitas primaveras.

Sobre os dormentes dos trilhos
Riscaram o Rio Grande ao meio,
No andamento do progresso
Com trem de carga ou passeio.
Com o sagrado produto da terra
E a riqueza dentro do vagão,
Sumia pelo horizonte adentro
De dia claro ou na escuridão.

Todos os dias tinha uma festa
Na estação pra ver o trem chegar,
Gente que chega gente que vai
Uns vão vender outros comprar.
Chegavam os comerciantes
Trazendo muitas novidades,
Para todo aquele povoado
Vindas da grande cidade.

O apito do trem emudeceu,
As locomotivas, por ai perdidas!
As placas, parar, olhar, escutar,
Estão todas no chão, caídas.
Gravei na memória da alma
A imagem de um trem andando,
Com ecos pelas madrugadas
Das rodas de aço tilintando.

Foi a evolução que te perdeu
Pois o tempo corre sem parar
O mais lento perde a vês
Para o primeiro que chegar.
No mundo atual que vivemos
A velocidade é soberana,
No corre, corre stressante
De toda a espécie humana.

Sou dos tempos de calmaria,
O tempo andava de vagar,
Pra tudo havia mais tempo
Muito mais tempo para amar.
Seu maquinista pare este tempo
Que já anda desgovernado
Talvez tente engatar uma ré
Pra ver se retorna ao passado.

Tropeávamos até a estação
E a boiada de trem seguia
Levando para o matadouro
O fruto da nossa economia.
Dos transportes o mais viável
Sem excesso de despesas
Mas mesmo assim foi instinto
O menos poluente da natureza.

O tempo é testemunha
Da gente do teu povoado,
De quem a muito já se foi
Nas andanças do passado.
Tão triste eu vivo a recordar
De coisas que tenho na memória,
O tempo sempre se apequena
Diante da grandeza de uma história.

Fernando Almeida Poeta

sábado, 11 de maio de 2013

Mamães, para vocês

Seja vovó, mãe, tia,
Amiga, esposa ou namorada
Um homem sem mulher
Nesta vida não é nada,
Quando ao lado do homem
É parceira, amante, amada
Seguiremos para sempre
Unidos na mesma estrada.

Nossa Virgem Maria,
Santa mãe de Jesus,
Um dia também sofreu
Ao ver seu filho na cruz,
Ilumina nossas mães
Pro bom caminho conduz,
Para que não sofram tanto
Por quem deram à luz.

Amor de mãe é eterno,
E seu brilho incomparável,
Sua alma é pura
Seu esforço incansável,
É a soberana das jóias
Para o ciclo da vida
É assim que a comparo
Minha mãe querida.

Fernando Almeida Poeta

sexta-feira, 22 de março de 2013

quinta-feira, 7 de março de 2013

Mulheres

Para todas as mulheres do meu Brasil varonil 

Pra ti Mulher


É pra ti mulher,

A pura essência da flor, 
O símbolo da humanidade
Que foi feita do amor.
Força, charme, elegância,
Com sorriso encantador
Nas horas boas ou ruins
Sempre superando a dor.

Não existe mulher feia,
São diferenças naturais
Umas menos vaidosas
E outras que são fatais,
Loiras, negras, morenas,
Ruivas, índias, orientais
O que seria de nós
Se todas fossem iguais.

Seja vovó, mãe, tia,
Amiga, esposa ou namorada
Um homem sem mulher
Nesta vida não é nada,
Quando ao lado do homem
É parceira, amante, amada
Seguiremos para sempre
Unidos na mesma estrada.

Nossa Virgem Maria,
Santa mãe de Jesus,
Um dia também sofreu
Ao ver seu filho na cruz,
Ilumina nossas mães
Pro bom caminho conduz,
Para que não sofram tanto
Por quem deram à luz.

Amor de mãe é eterno,
E seu brilho incomparável,
Sua alma é pura
Seu esforço incansável,
É a soberana das jóias
Para o ciclo da vida
É assim que a comparo
Minha mãe querida.

Uma boa esposa
Todo homem sonha ter,
Esta mulher maravilha,
Motivo do meu viver
Às vezes me faz sorrir
Outras me faz sofrer,
De uma mulher eu nasci
Por uma mulher quero morrer.

Fernando Almeida Poeta